DESGOSTO MUSICAL



Se você gosta de funk o problema é seu. Respeito seus problemas. Respeite também meu direito de esculhambar o funk. Em nome de todas aquelas pessoas que adoram ouvir música ruim com fone de ouvido, venho expor aqui minha posição acerca da esculhambação geral de República. Acha que não faz sentido? Pois é, dizer em uma letra que seu pau ama uma menina também não faz sentido nenhum, mas você canta e elas gostam. Isso é o que importa, não é?

Como todo homem que ama o respeito que sente pelas mulheres, sei qual a diferença entre o rebolado que faz uma garota se abaixar e o que faz ela se rebaixar. Isso nada mais é que um reflexo da necessidade que essas meninas têm de se piorar para agradar moleques de gosto ruim. Essa tácita exigência de emburrecimento feminino é causado, no meu humilde e magnífico ponto de vista, pela insegurança de jovens inseguros que não teriam bagagem para conquistar alguém que não pensasse com a bunda. Calma. Não estou dizendo que essa narco-cultura não seja cultura. Muito pelo contrário, afirmo veementemente que funk é cultura sim.


Cultura entre os romanos tinha o sentido de agricultura. Cultivar. O significado dado pelas ciências socais não deixa de ser o mesmo, pois significa um conjunto de ideias, comportamentos, símbolos e práticas sociais. Alguns afirmam que cultura nada mais é que toda produção humana. Como podemos notar, nada obsta que essa “produção humana” seja uma bosta. Podemos encaixar o funk carioca em praticamente todos os conceitos culturais. Para os romanos, cultivar coisas nocivas. Para as ciências sociais; um conjunto de ideias imbecis, comportamentos ridículos, símbolos vergonhosos e práticas socialmente reprováveis. Com isso, pontuo aqui um pensamento em comum com meus amigos funkeiros: Sim, funk é cultura.

Quando critico o som desses caras, muitos dizem que não respeito a preferência musical das outras pessoas. Ora, se você tem o comportamento incompreensível de só querer ouvir sua música sem fone de ouvido e em volume máximo, você obriga as pessoas a ouvirem e acaba submetendo sua música a crítica de que escuta, no entanto, acha errado quando dizemos que você só escuta lixo? É como se empurrassem um monte de merda na goela das pessoas e não quisessem que as pessoas dissessem que a merda tem gosto ruim.

Não me entenda mal (ou entenda se quiser). Sei que cada um tem um gosto. Só não vou entrar no mérito da questão estética, do ponto de vista filosófico (Kant não me perdoaria), para falar de quem não consegue acertar as concordâncias das palavras. Não é uma crítica necessariamente ao estilo, mas ao comportamento desrespeitoso de quem acha que a vida é uma zona. Acredito que cada pessoa pode escutar uma música repleta de palavrões e batidas manjadas, todavia, acredito que não é de bom alvitre equipar um carro que vale menos do que o aparelho de som instalado nele para obrigar toda vizinhança a ouvir seus palavrões e batidas manjadas. Acredito que todo mundo pode se divertir com os amigos, mas não acredito que seja necessário fechar uma rua, vender drogas para menores, incomodar vizinhos, propagar a prostituição infantil para tanto. 

A verdade é que existe um público imenso que gosta de ouvir e curtir esse estilo. Nelson Rodrigues dizia que o mundo seria dominado por idiotas porque eles são maioria e como sabemos, na democracia, a maioria sempre ganha. Existe algo mais democrático que o You Tube? Claro que não existe. Mas lembre-se que a televisão não é muito democrática e, ainda assim, leva funkeiros para mostrar o melhor do seu repertório de uma música só para explicar o sentido inexistente de suas letras e seguir a mesma batida imitada descaradamente por todas as cópias originais dos que decidem investir nessa área. Às vezes fico me perguntando se esses caras não são financiados pelo tráfico ou algo assim. Quero crer que não.

Não adianta vir com a desculpa babaca de que funk é desse jeito porque foi criado por gente negra e pobre ou moradores da favela. Essa afirmação não reflete nada além do próprio preconceito de quem afirma, pois o Blues, o Jazz o Samba etc., foram criados por gente negra e pobre e são alguns dos mais fantásticos estilos musicais já criado pelo homem.

É de fato vergonhoso ouvir que o funk do nosso país saiu de algo tipo: “Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci[…]”; “Foi na festa da escola que tudo começou, eu olhei para ela e ela me olhou […]”; “Era só mais um Silva que a estrela não brilha, ele era funkeiro, mas era pai de família […]” e caminhou até se tornar algo em torno de: “Senta na piroca…”; “Meu pau te ama…”; “Bunda pá cima…”; “Sequência de bunda na cara…”; “Tu sentando na minha pica…” ; “Joga buce@# na pica…”, enfim, sempre tem algo a ver com bunda, arma, droga, bunda. Sempre tem uma garota rebaixada de costas para enfeitar a cena e rebolar para um bando de bundão.




Por Pierre Logan
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