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Mostrando postagens de julho, 2018

CABANAGEM | EDUARDO BUENO - Sobre a Guerra dos Cabanos

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A CAPA

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Numa época em que temos certa dificuldade de encontrar músicas ou até livros com conteúdo que acrescente, provoque ou retire algo de nós, decidi não só fazer letras mais elaboradas, tentei fazer da própria capa do disco uma mensagem que fizesse as pessoas refletir. Sei que a música de certa forma alcança mais gente do que livros, já que o livro só existe quando abrimos e lemos, enquanto a música adentra em nossas casas, nossas salas, nossos quartos, nossa memória, rompendo quase que todas as barreiras físicas imagináveis. Se livros só existem quando abrimos, a imagem só existe quando podemos olhar para ela. Pensando nisso, decidi atacar em várias frentes (risos), trazendo o conteúdo desejado em cada uma das letras, mas o título do disco (Crônicas de um mundo moderno) seria sintetizado e explicado pela capa. Para entendermos a imagem temos que começar por algo deste século no Brasil, voltar para o século passado no Vietnã, caminhar para Turquia e finalmente chegar ao presen

DESERTO

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Sozinho. Desta vez ele tinha a certeza de que seria assim o resto da sua curta vida. Pegou uma mochila e deixou tudo para trás, trazendo consigo apenas lembranças boas e o sentimento de que até ali muita coisa valeu a pena. Apenas com as roupas do corpo ele já não carrega nenhum livro nas mãos, todos os livros do mundo estão dentro dele. Foi assim que ele entrou no deserto. Uma gota de suor sai do seu pescoço, desce pelas suas costas e de alguma forma faz ele lembrar das carícias da mulher que ainda ama, mas por alguma razão deixou-a livre para ir embora. Sabe que os dois saíram perdendo, pois um perdeu-se do outro. Se a vida tivesse realmente algum sentido – pensava em silêncio – seria para frente. Por isso decidiu caminhar. O sol parecia determinado a queimar tudo o que caminhasse debaixo dele. O peso era demasiadamente demais para ele. Ele já havia deixado tudo para trás e talvez, se fosse possível, se livraria do corpo também. Seu espírito não cabia mais dentro daquele reci

MORTE POR AFOGAMENTO

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A casa estava em completo silêncio. O relógio estava demasiadamente pesado para a parede cansada. Os corredores vazios de quase tudo. Os pensamentos estavam espalhados por todos os cômodos. Pedaços de papel de todas as cores e tamanhos jogados em todos os cantos daquela residência humanamente inabitável. O cansaço parecia reinar naquele ambiente insalubre e denso como chumbo. Anotações rápidas, grandes textos desconexos, pilhas de papéis bem organizadas, pequenos blocos de papéis reciclados se misturavam e davam uma sensação de que tudo estava organizado de maneira caótica. Sim, era um paradoxo terrível. Ninguém, minimamente sóbrio em relação à normalidade do mundo moderno, sobreviveria naquele local. Quase tudo naquela casa estava rabiscado. Era como se o pensador tivesse gastado todas as folhas e, mergulhado naqueles pensamentos, continuava anotando em todos os espaços possíveis da casa. A geladeira estava riscada. As paredes repletas de anotações. Os móveis com cálculos rabi

O CRENTE OSTENTAÇÃO

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Certa noite eu estava assistindo um jornal na TV, deitado no conforto da minha casa, quando apareceu subitamente (depois de um comercial de cerveja) na tela do meu aparelho, uma criatura bem vestida com cara de vendedor picareta. Pequei, pois fiquei com preguiça de mudar de canal, aí fiquei ouvindo…. Ele dizia algo tipo: “Quer recuperar sua casa, comprar seu carro, pagar suas dívidas? Então saiba que antes de tudo é preciso pagar a dívida que você, meu irmão, tem com Deus e para isso é preciso aceitar Jesus”. Não pude deixar de observar que o indivíduo usava relógio de alto valor, colar de ouro e roupa de tecido fino, então pensei: “Deve ser agora que ele fala sobre não juntar tesouros na terra”. Ele prosseguiu falando de vitórias e sobre como conquistar o melhor que o capitalismo tem para oferecer. Depois de ouvir tanta coisa divina em tom tão empolgante, não deu outra; peguei no sono. Sonhei que Jesus retornara à terra. E, como é de seu direito, entrou em uma igrej

Era perfeito como um sonho bom

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Era perfeito como um sonho bom. As palavras combinavam com as ações. Aos poucos começaram a discordar… Não demorou muito para que uma dissesse o oposto do que a outra dizia. Nem demorou a conclusão de que foi realmente um sonho bom. Apenas um sonho. Por Pierre Logan __________________________________________________________

VINHO, CORAÇÃO E COISAS QUEBRADAS.

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Oi, meu amor! Estou escrevendo isso através de anotações mentais numa cama de um hospital que não sei qual é ainda. Meu notebook deve estar em algum lugar próximo, mas lamentavelmente não consigo pegar. Puseram soros em mim e me deixaram aqui deitado, repousando. Assim que possível eu te mandarei uma mensagem por algum aplicativo qualquer ou talvez escreva o texto no Catarse do meu site e te mande para que você leia antes de dizer qualquer coisa. Ainda não sei. Não sei o que houve ainda, mas como da última vez, cerca de um ano e meio atrás, meu coração acelerou e quase que eu era quem ia…. Eu sei, minha Rainha, péssimo momento para fazer piada. Ouvi algumas vozes dos colegas do escritório dizendo “escapou por pouco hem, Dr. Logan”. Esse “escapou” me lembrou que sempre vi a vida como uma prisão e que não “escapei” de nada; fui capturado e jogado de volta na prisão existencial. Do que eu teria escapado? Da morte? Não tenho como escapar do que não me aprisiona. O filósofo estava